terça-feira, 24 de julho de 2018

Uma triste história de amor





Maria tinha 12 anos quando começou a namorar Lauro, na época com 21. Ela o conheceu através da irmã dele, a Lúcia, de 18 anos, sua melhor amiga.
Moravam todos em Buri, uma cidadezinha do interior de São Paulo.
Tanto os pais de Maria como os de Lauro trabalhavam e viviam da lavoura, na fazenda de um fazendeiro abastado, que só aparecia lá, de tempos em tempos durante as férias de seus filhos.
Maria, suas três irmãs e seus pais eram humildes, mas viviam uma vida de fartura, pois na fazenda plantavam de tudo.
Maria, suas irmãs e sua amiga Lúcia iam para a escola juntas . Na volta, ajudavam os pais na lida.
Enquanto isso, Lauro trabalhava na estação ferroviária de Buri.
Eles eram muito apaixonados e nos finais de semana , ele ia à casa de Maria .
O namoro, à moda antiga, seguia tranquilo até que um dia, Maria sentada de um lado da mesa e Lauro do outro, sentiu -se incomodada. O namorado, enquanto conversavam banalidades, começou a desenhar, numa folha de caderno, um coração, desenhou a flecha do cupido, coloriu de vermelho e... colocou duas iniciais. Ela percebeu que uma inicial era L e a outra não era o M de Maria...
Passional como era, Maria saiu da mesa, correu para o quarto e se trancou.
Ele voltou à casa de Maria várias vezes, mas ela não o deixava nem vê-la, se trancava no quarto e de lá só saía quando a caçulinha gritava lá da cozinha: Maria, ele já foi...
Nunca mais falou com ele. Por mais que ele tentasse falar, ela nunca mais apareceu pra ele.
Lúcia veio à casa da amiga e Maria ia logo falando: se for pra tocar no nome dele, eu não quero conversa.
- Conversa com ele, Maria! Vocês dois estão sofrendo com essa separação e tudo por uma banalidade...
Ela nunca mais pronunciou o nome dele.
Ela se fechou de uma tal maneira que nem as irmãs e nem a mãe conseguiram fazê-la mudar de ideia.
Enquanto isso, Lauro desesperado, começou a se embriagar... Até que...
O pai de Maria se amigou com outra mulher. Duas das irmãs mais velhas se casaram. Em casa ficou Maria, a irmã caçula e sua mãe.
A mãe, desgostosa com o pai de Maria, ficou muito doente e morreu.
Maria, com apenas dezoito anos e sua irmã com 14, vieram pra cidade grande, com uma família que voltava de férias.
Chegando em São Paulo, começaram a trabalhar de empregada doméstica. Alugaram um quartinho de pensão. Passavam a semana no trabalho e nos finais de semana, as duas irmãs, sempre muito unidas, se divertiam: iam a bailes nas matinês de domingo, a parques de diversão, a cinemas, ficavam na praça olhando para os soldados do exército brasileiro que passavam em turmas em direção ao quartel ...
Queriam porque queriam namorá-los! Eles eram tão lindos naquelas fardas!
Naquela época, o Brasil se preparava para enviar os pracinhas do Exército Brasileiro ao encontro dos aliados, durante a Segunda Grande Guerra Mundial.
As duas irmãs lavavam suas roupas...limpavam o pequeno lar...e na segunda-feira voltavam ao trabalho.
Elas trabalhavam em mansões diferentes. Maria tinha que pedir para a patroa para poder telefonar para a irmã, que dizia: Maria, não demore!
Até que as duas acabaram se casando. Maria se casou porque não tinha mais a companhia da irmã, que se casara com um espanhol, aos 16 anos de idade.
Seu cunhado sempre tratou Maria muito bem, apesar de ser muito ciumento e ficar atento na conversa das duas.
Maria, agora casada, resolveu escrever pra sua amiga Lúcia, pra dizer que se casara e que estava grávida do primeiro filho.
Em sua carta-resposta, Lucia contou que Lauro não a esquecera.
Nesse ínterim, Lúcia mostrou a carta a Lauro que se desesperou.
Com o endereço no remetente da carta de Maria, Lauro veio a São Paulo, atrás dela.
Revirou a cidade, mas não a encontrou.
Lauro voltou a Buri. Desempregado, sem esperanças, afogou as mágoas na bebida. E no auge do desespero, cometeu o suicídio aos 34 anos de idade.
Lúcia escreveu à Maria, enviou-lhe todas as fotografias e cartas de Lauro, que ele nem chegou a entregar, por não saber de seu paradeiro. E junto, a triste notícia do suicídio do homem que ela mais amara na vida.
Lauro foi o seu grande amor, mas por causa do gênio forte de Maria, que não quis perdoá-lo por causa de um simples coração, com a inicial que não era a dela, ela acabou perdendo-o para sempre de maneira trágica.
Por ter julgado como traição a atitude dele, ela não se perdoou até a hora de sua morte.
Maria morreu aos 84 anos. Teve a vida toda para lamentar e chorar por seu grande amor.
E em seu último suspiro ela sussurrou: Lauro .
Eu vi e ouvi... eu estava lá.
Dinorá

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