quinta-feira, 3 de outubro de 2013

E a vida continua...

Há sete meses me sinto abandonada de mãe. O Extra fica bem perto de minha casa. E hoje, ao voltar do supermercado, caminhando, meu olhar cruza com o olhar de uma idosa...e por algumas frações de segundo, vi minha mãe naquele olhar. Que saudade! Tenho a sensação que o olhar dos idosos são todos iguais: meigos, profundos, cujo significado é uma incógnita...O que será que eles gostariam de dizer? Quem sabe, talvez: 'A vida é curta!'; 'Faça valer a pena!'; 'Não leve tudo tão a sério!'; 'Valorize os momentos!' Mãe, você se foi...mas me lembro da senhora todos os dias! É no olhar de uma idosa, nas roupas que a senhora costurou pra mim,(foram inúmeras), e os crochês...os tricôs...quanta saudade! Ao lembrar a sua lucidez, as histórias de suas lembranças, o amor de sua vida, as vezes que você fez salgadinhos para as festas escolares, ora empadinhas, ora coxinhas, que eram disputadas pelos coleguinhas e professores. Lembro-me que saíamos em cima da hora, a senhora queria que chegassem quentinhos, eu disparava na frente, de medo de chegar atrasada na escola e ainda brigava com a senhora,(vou chegar atrasada, mãe) que vinha com passos largos, com cuidado para não derrubá-los. E olha que era uma boa distância, caminhávamos durante uns 20 minutos. Que saudade do Grupo Escolar João Vieira de Almeida... Nós, eu e a Nair, tínhamos sempre um vestido novo para ir à missa, aos domingos, na Candelária, cujo tecido a senhora comprava na feira e pagava à prestação. Éramos seis: a senhora, meu pai, e quatro irmãos, que a vida se encarregou de nos separar, depois que todos se casaram. As lembranças foram se juntando e a saudade de um passado, que está cada vez mais distante, aumentando. O pai morreu há mais de vinte anos. E agora que a senhora se foi, nós, irmãos, estamos mais distantes ainda. Mantemos contato só quando necessário. É a vida, que nada mais é que uma roda viva. Têm dias que a gente se sente tão nostálgico...mas as boas lembranças nos fazem bem.




 

Um comentário:

  1. A vida continua, mas não há como não sermos saudosistas. Saudades, muitas saudades de tudo. De um tempo que não volta nunca mais.

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