As lembranças são muitas, e nesta primeira fase vão aqui as recordações da minha infância.
Vivia com meus pais e meus irmãos num barracão de madeira, construído num terreno que nem sei de quem era. Um cômodo grande, o quarto, e outro, pequenino, a cozinha com um fogão de lenha. Guardo lembranças tristes dessa época. Minha mãe, muito brava e o pai, calado. Ambos trabalhadores. Ele, motorista de caminhão. Transportava carrinhos de mão, igualzinhos os de hoje, que os pedreiros usam. Minha mãe, costureira. Toda a roupa, minha e dos meus irmãos, eram confeccionadas por ela. Uma perfeição. Ele, alcoólatra...ela, nervosa, pois ele todos os dias bebia depois do trabalho. Brigas diárias. Havia um muro que separava o barraco de uma sede de futebol. Lá, os jogadores comemoravam as vitórias, faziam bailes, se divertiam. Num final de semana, meus pais começaram a brigar, rolaram pelo chão e eu e meus irmãos corremos e pedimos ajuda aos jogadores. Alguns deles pularam o muro para separá-los enquanto os outros se divertiam com a briga do casal. Toda ira da minha mãe era descontada em nós. Apanhavámos por tudo e por nada, com o que tivesse pela frente...Uma vez, meu irmão mais velho, na época com sete anos, desobedeceu-a. Ele foi a uma lagoa, estava belo e folgado, sem roupa, nadando com seus amiguinhos...Minha mãe procurou-o pela casa e saiu à rua. No caminho, apanhou uma vara de marmelo e foi ao encontro dele, porque alguém avisou onde ele estava. Meu irmão veio apanhando de lá até em casa. Ele ficou todo marcado. Numa outra ocasião, eu e minha irmã brigávamos por causa de uma banana. Minha mãe deu-nos uma surra e saiu. Voltou com uma dúzia, nos obrigou a comê-las todas e ....abraçadas. Nunca mais brigamos. Era a maneira de minha mãe nos educar.
A próxima fase: adolescência.
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